A equipe de estudantes Rondonistas da USF retornaram no final de julho da cidade de Acrelândia. Através do Projeto Rondon, os alunos desenvolveram um trabalho em equipe, colocando em prática aquilo que aprendeu na Universidade.
Os estudantes participantes foram: Renato (Fisioterapia), Mateus (Odontologia), Marina (Medicina), Gustavo (Enfermagem), Danielli (Fisioterapia), sentadas da esquerda para a direita Ieda(Medicina), Jackeline(Fisioterapia), Victoria(Enfermagem). A equipe foi acompanhada pelos professores Adriano Lopes Lima e Edinalva Piovesan.
O Projeto Rondon é coordenado pelo Ministério da Defesa, desenvolve ações locais que contribuem para o desenvolvimento sustentável e bem-estar de comunidades mais desfavorecidas. Isso se dá com a participação voluntária de estudantes universitários.
Confira abaixo o texto da estudante de medicina e Rondonista da operação Vale do Acre, Marina Nobre. (Texto da apresentação final das universidades USF e UNIFENAS, responsáveis pela operação em Acrelândia - AC)
SER RONDONISTA É...
Ser Rondonista não é um estado, muito menos uma escolha. É uma essência que nos compõe, uma maneira de ver a vida e de se colocar no mundo.
Ser Rondonista não é caridade, é troca. É uma composição que pode ser encontrada dentro de cada um de nós aqui presentes, por mais diferentes que sejam. E é nessas diferenças que mora o milagre...
Um Rondonista, antes de mais nada, sabe ouvir. E nesse poderoso ato, identifica rapidamente e profundamente o que o outro precisa (e traz soluções grandiosas em sua simplicidade).
Um Rondonista tem um sentir aguçado. A tal ponto que é capaz de sentir em sua pele e alma a dor do outro, sem conseguir ignora-la ou diminuí-la. Se pudesse, tomaria todas essas dores para si.
Um Rondonista é um forte. Capaz de se reinventar, de transcender, à cada não que recebe em seu caminho. É resiliente à portas fechadas, oficinas vazias, palavras descrentes... Se recarrega lembrando de seria propósitos e fortalecendo a sua fé no amor. Com isso, contorna obstáculos gentilmente e com um sorriso desenhado em seu rosto, à cada passo que dá por terras antes desconhecidas...
O Rondonista é, acima de tudo, um vitorioso. Ele vence nas pequenas coisas. Quando está diante de um bom prato de comida (leia-se uma boa baixaria, um suco de cupuaçu, um prato de açaí...). Quando tem mais do que duas camisetas amarelas limpas para usar. Quando caminha por sua cidade e reconhece mais da metade das pessoas que cruzam seu caminho (de suas oficinas...). Quando lhe oferecem um copo de água gelada, um café ou bolo quente... Quando vê sua horta tomando forma, ganhando brotos... E até uma fossa séptica. Quando chega uma escavadeira em seu terreno após dias de espera. Quando percebe o despertar de uma mulher para a independência ou até mesmo para sua liberdade, de um idoso para uma vida mais alegre e plena, de um adulto para um possível negócio capaz de tirá-lo dos índices de pobreza (e até mesmo de miséria...). De um professor para novas metodologias de ensino e para o reconhecimento de toda uma vida de superações. Quando cidadãos se comunicam uns com os outros de uma forma mais inclusiva, em libras... quando vê uma criança recolhendo lixo do chão para fazer seus próprios brinquedos.
Um agricultor abrindo mão de agrotóxicos para fazer um plantio mais consciente. Quando uma criança aprende o sentido de coletividade e cidadania. De higiene, de compreender e zelar pelo seu corpo. De valorizar e aproveitar todo o seu alimento. De ver nascer uma nova perspectiva de vida em velhas realidades, que antes pareciam tão limitadas...
Mas cabe a mim dizer que a grande força do Rondonista está em sua equipe. Equipe que se complementa, se suporta, se valoriza e cresce junto. Seja em um abraço amigo, em uma oração ou, simplesmente, respondendo à um chamado de uma missão muito mais, que devem cumprir juntos, cada um com a sua importância. Nós completamos. E o milagre que responde às orações de alguém só é possível dentro desse forte círculo de união.
Ser Rondonista não tem prazo de validade e muito menos vai findar ao sairmos por aquela porta. Não se ESTÁ Rondonista, se É.
Parafraseando nosso aluno Júlio, de 11 anos: "Eu não sei o que quero ser quando crescer, mas um dia eu quero ser como vocês".