Se por um lado os jovens estão fadados às intensas cobranças contemporâneas de realização pessoal e profissional, por outro nota-se uma forte vitalidade desse grande grupo em ser útil à sociedade. E, assim, em uma troca mútua e benéfica de interesses, o trabalho voluntário surge como uma possibilidade de apaziguar a inquietude dessa juventude, bem como permite que outras pessoas sejam ajudadas por ações de cunho social.
Atuar como voluntário propicia o fortalecimento de laços de solidariedade e confiança, e a escolha de que área colaborar pode ser de grande ajuda para os jovens descobrirem seus próprios talentos e desenvolverem habilidades, considerando interesses pessoais, motivação e características de sua personalidade.
O Projeto Rondon é um grande exemplo dessas iniciativas. A operação, que ocorre duas vezes ao ano, é uma proposta do Ministério da Defesa, que tem a participação da Universidade São Francisco há cinco anos. Em cada expedição, dois professores e oito alunos selecionados se mobilizam até o local escolhido para levar ideias, cursos, capacitação, além de esperança para muitas comunidades carentes.
Para a coordenadora do projeto na USF, Débora Reis Garcia, o Rondon transforma a visão de mundo dos participantes. “O contato desses alunos com as diversas realidades do Brasil leva à reflexão da responsabilidade deles, enquanto universitários, para melhorar a situação do país”, relata. Débora também ressalta o perfil desses jovens: “Entre os que se interessam e participam há uma entrega, um desejo de participar para fazer parte desse grupo seleto que ‘quer mudar o mundo’ ou ao menos se doar ao outro de forma dedicada e séria para levar o conhecimento e construir soluções que realmente sejam úteis e perdurem”.
É por meio dessas iniciativas que os jovens reforçam princípios fundamentais como humildade e empatia, além da capacidade de se relacionar com outras pessoas. É o que comenta o aluno do curso de Farmácia Ariel Gustavo Ferrari, rondonista participante da operação Forte do Presépio, no Maranhão. Ariel destaca o sentimento durante a execução da atividade. “Foi um aprendizado constante, muitas culturas distintas, porém unidas para um bem comum. Tinha a sensação de que eu poderia fazer mais, e queria fazer mais, porém, ao mesmo tempo, sentia que o dever estava cumprido”, afirma. Já para a aluna do curso de Odontologia Bruna Alvarenga Cunha da Silva, o projeto foi um grande incentivador: “Retornar do Rondon só me fez fortalecer meus ideais e ajudar ainda mais as pessoas, além de incentivá-las a participarem de projetos como esse, pois vale cada segundo”.
Iniciativas como o Rondon fortalecem a criatividade, o compromisso, o espírito empreendedor e a capacidade de resiliência dos participantes. E para os jovens esse pode ser um bom caminho para encontrar e consolidar sua própria identidade.