Cursar uma faculdade ou investir em um intercâmbio? Sair da casa dos pais ou comprar um carro? Casar ou viajar com os amigos? Ter um negócio próprio ou passar em um concurso público? São muitos os pontos de interrogação que permeiam a cabeça dos jovens. Convidados a viver no mundo adulto, estes recém-libertos das ordens familiares se veem em uma zona angustiante de conflitos e questionamentos.
De um lado pais que anseiam por seu sucesso, do outro um mercado de trabalho voraz e impetuoso, que exige vasta experiência daqueles que até ontem se preocupavam, apenas, com a bola no quintal e o videogame da sala de estar. Também paira no ar uma intensa exigência pela realização pessoal e qualidade de vida. Não basta ser saudável, há que se ter o corpo sarado. Não basta constituir família, há que se constituir a família perfeita. Não basta viver bem, há que se ter a casa dos sonhos e o carro do ano.
Tudo isso sobre os ombros de recém-saídos do Ensino Médio, recém-graduados em uma faculdade, recém-ingressos na vida profissional... Recém-vindos à fase adulta. Fase que até então era vista de longe e observada apenas na rotina dos pais. Esse excesso de questionamentos, cobranças e preocupações adoece toda uma juventude, colocando-a em uma “crise de pouca idade”, se é que se pode fazer uma referência à chamada “crise de meia idade”, que até então acometia apenas aqueles que adentravam a casa dos 40.
Contudo, são apenas jovens vivendo o presente e preocupando-se com um futuro que não tarda a chegar. E, em meio a seus próprios dilemas, talvez precisem apenas de terapia ou de menos trabalho, quem sabe algumas horas a mais de sono. Mas talvez precisem mesmo é de muitas e inúmeras outras tantas coisas, pois faz parte dessa fase querer tudo e sonhar sempre.